9.9.16

Ah, os palestrantes...

          "Bel Pesce é só um sintoma.
          "Those who can't do, teach.
          Those who can't teach, teach gym." - Woody Allen
Devo fazer parte de uma das últimas gerações que trabalhou antes dos computadores invadirem o mundo.
Internet, então, nem pensar. 
Comecei a trabalhar quinze anos antes dos primeiros e-mails comerciais circularem no Brasil.
Então assisti de camarote o aparecimento de um novo jeito de trabalhar.
Primeiro eletrônico, bytificado.
Depois digital, conectado.
Finalmente rede-socializado.
Lá atrás, o início dessas mudanças, foi devastador.
Deixou inseguros os profissionais da época.
Deixou órfão de referências quem entrava no mercado.
Afinal, a cada seis meses o mundo mudava de alguma maneira.
Globalizava, Conectava, Reestruturava, Empreendia, Acelerava.
Todas essas mudanças, começaram lá pela segunda metade da década de 80 e continuam a nos surpreender a cada novo gadget, a cada novo app, a cada novo comportamento que a gente se pega aderindo.
Esse contexto criou um novo profissional: o palestrante.
O palestrante sabe mais do que você e eu.
Fez cursos que você nem sabia que existiam.
Participa de associações com siglas confusas.
Você se pergunta: mas como esse sujeito pode ser especialista numa coisa que até outro dia não existia?
Como você não sabe a resposta, por isso fica ainda mais inseguro. E compra o ingresso da próxima palestra.
A apresentação do palestrante é reconfortante porque permite que você veja, mesmo que por 30 minutos, um pouco "de tudo que vem por aí", "do mundo conectado", "dos millennials", "das mídias sociais", "do empreendedorismo", "da vida líquida" e por aí vai.
Quanto mais novidades, mais desprotegido você se sente.
Então você faz cursos, assiste palestras, compra livros.
Mas não adianta. 
Em seis meses estará tudo ultrapassado de novo quando o novo novo chegar.
Por isso o sucesso meteórico de Bel Pesce.
O palestrante de hoje é um guru.
Um oráculo.
Como todo guru/oráculo, sua origem é misteriosa.
E suas conquistas profissionais também.
A gente não liga, nem pergunta.
Porque a gente não quer explicações sobre passado.
A gente quer é segurança para o futuro.
A gente quer consolo de que podemos chegar lá.
A gente quer sentar numa sala repleta de perdidos como nós e sentir que não somos os únicos.
A gente quer alguém lá na frente para admirar e sonhar com o dia em que chegaremos lá, apresentando nosso sucesso.
Nas últimas décadas, um monte de gente ganhou dinheiro assim.
Vendendo boia para quem acha que não sabe nadar.
E segue o enterro."
(Mentor Neto, via Facebook.)


"Afinal, a cada seis meses o mundo mudava de alguma maneira.
Globalizava, 
Conectava, 
Reestruturava, 
Empreendia, 
Acelerava."



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